02/02/2014

Do caderno 27 (CÃO) da série LEITE DOS SANTOS

CINQUENTA: PERDURAÇÃO - II

Leiria, terça-feira, 28 de Janeiro de 2014

Nada perdura que humano seja
– assim Maio escrevi ano passado.
Ora, o arvoredo, despassarado,
semelha ao vento um frio vão de igreja.

É como se antigamente o Inverno.
É como se nada fosse – e não é.
É como se a vida mesma, aqui ao pé,
ázima invernasse o pão que vier no

restolho de outros dias perduráveis:
esses mais amáveis e mais amados,
esses idos já todos, já passados.

Do conto incontável dos dias-tempo,
não lâmpada sobra nem filamento.
Humanos são só os não perdurados.

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Canzoada Assaltante