09/03/2010

Num Armazém de Belfast, Nemirowskoie etc.

© Sandra Bernardo – 2 de Fevereiro de 2010 às 22h30m



Souto, Casa, entardenoitecer de 9 de Março de 2010


Milhões de milhas terrestres e marítimas fogem em vão os senhores mortos e as senhoras que morreram.
Não percebem que viver é fuga suficiente de ter vivido.
Veja-se o caso de um senhor irlandês chamado Rory Gallagher: aí vai ele.
As pessoas de Cork, as de Belfast, as de Dublin, as de Oviedo, as de Estocolmo, as de Nemirowskoie, as daqui: as vivas e as outras, que tanto sinto divagarem dentro de um armazém de janelas altas e sem portas, as outras como as vivas.
Camas de musgo orvalhado atapetam de luxo as vastas camaratas da terra aberta.
Best e Gallagher, seus vãos transplantes hepáticos, coitados.
Saindo de Coimbra para lados de Bencanta, poderemos ver cavalos perfeitos como pontos-de-interrogação horizontais.
Para bandas da Geria, divide-se o viajante entre rumar às gândaras ou aos campos de arroz que levam ao mar.
A fúria das matilhas devassa os meandros florestais, cada indivíduo busca engordar quanto puder antes das longas neves.
Choupanas de barro amassado com palha fumegam ceias silvestres ao crepúsculo – e nós sem casa, nós divagando em fúria por este armazém de Cork.


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Canzoada Assaltante